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.Seguindo-o eesforando-se por o imitar, quer por seu turno empreender e elevar o facho daverdade para livrar os seus romanos do temor dos deuses, dessa gravis religio, dessapesada religio, que os oprime e que pesa sobre eles com muito mais fora do queoutrora sobre os gregos.Quer tornar a lev-los at a natureza, de que eles seafastaram; quer livr-los dos seus piores inimigos, o temor e a inveja, e acima detudo do terror da morte.Mas no encontra a paz da alma (pietas) nem na prece nem nos sacrifcios.No h piedade alguma em se mostrar freqentemente de cabea velada, em sevoltar para uma pedra, em se aproximar de todos os altares, em ficar prostrado nocho, em estender as mos diante dos santurios dos deuses, em derramar sobre osaltares o sangue de numerosas vtimas, em acumular votos sobre votos; preciso,pelo contrrio, olhar tudo com absoluta calma (V, 1196 e segs.).O bem-estar fsicoe a tranqilidade da alma.eis o que reclama a natureza humana, e o destino maisagradvel habitar o templo da cincia e contemplar dessas alturas os desvarios davida.Lucrcio dedicou o seu poema a Mmio, um jovem nobre que se consagravaaos assuntos pblicos.Era o futuro pretor da Bitnia, que iremos conhecer nocrculo de Catulo? No h possibilidade de afirm-lo.Lucrcio trata-o como a umdiscpulo que se procura ganhar para a filosofia epicurista; mas a amizade que osunia no parece ter sido muito ntima, porque, se excetuarmos a introduo solenedo poema, os passos em que o interpela, algumas vezes pelo nome, no sodestinados seno a reanimar a ateno do leitor.Para o poeta a influncia a exercer sobre a nao muito mais importante, oque se compreende sem dificuldade.No princpio, certo, permite-se, para agradarao seu amigo, uma licena potica pela qual parece confessar ingenuamente quenele o poeta ainda no desapareceu por detrs do filósofo: Lucrcio, que pretendecurar os seus leitores da crena no poderio dos deuses, na ao destes sobre omundo e os homens, celebra numa esplndida invocao benfica Vnus,protetora da gens Memmia, a deusa cuja cabea se encontra cunhada nas moedasdesta famlia.Louva-a como me dos romanos, filhos de Enias, como prazer doshomens e dos deuses; ela quem povoa o mar e as terras que produzem as searas; por ela que foi criado tudo o que vive.Num quadro impressionante, descreve osventos e as nuvens que fogem sua aproximao, a terra variegada que se cobre deflores, o mar e o cu que se riem, as aves que sadam a primavera, os animais quesaltam alegres pelos pastos, todo o mundo, enfim, penetrado pelo seu poder, Vnus que deve ajudar o poeta na sua obra, porque sem ela no poderiam nascernem as alegrias nem as graas; a ela tambm compete exercer a sua foraexperimentada sobre Marte, que muitas vezes lhe repousa nos braos, dar a paz aosromanos nesses tempos funestos, a fim de que o poeta possa trabalhar na sua obrae que o seu amigo tenha tempo livre para escut-lo.E, numa só pessoa, a naturezacriadora e a me do seu povo bem-amado, a quem o poeta, levado pelo entusiasmodo assunto e pelos seus cuidados de patriota, apresenta do fundo do corao a suahomenagem, sem que a razo reclame.Como Lucrcio no tem por objetivo expor todo o sistema de Epicuro deuma forma rigorosa e cientfica, mas sim dar paz aos espritos pregando-lhes a suadoutrina, escolheu, "como a abelha nas clareiras floridas" (III, 11), na vasta obrasobre a natureza, as "palavras de ouro", e deu-lhes uma ordenao apropriada aoseu fim.Em especial da fsica, cujas proposies basilares repousam sobre aprofunda doutrina atomstica de Demócrito, decorrem para ele importantesconcluses prticas a respeito da indiferena dos deuses e da imortalidade da alma.Só de passagem e episodicamente tratou de alguns pontos de tica; no foiat o fundo da doutrina, que a teoria do prazer. teoria do conhecimento(cannica), de que Epicuro fez preceder as duas outras partes da sua obra, foi elebuscar o indispensvel princpio da infalibilidade dos sentidos para o expor ondeera necessrio, mas sem se demorar muito a desenvolver nos seus pormenores e aprovar esta verdade, que lhe parecia incontestvel.O seu verdadeiro fim, revela-o Lucrcio, sem tardar, com o elogio deEpicuro: quando a vida humana jazia por terra, oprimida pelo temor dos deuses,Epicuro fez tanto com a fora do seu esprito, que a religio foi por seu turnocalcada aos ps, que nem o raio nem o trovo conseguem j assustar o homem;pela fora do seu esprito, Epicuro de tudo triunfou e a tudo penetrou; reconheceuo que pode e o que no pode nascer, determinou exatamente o poder de cada ser eo limite que lhe est fixado.Depois Lucrcio refuta a objeo de que criminosopensar segundo a razo só pelo exemplo de Ifignia (ou Ifianassa, segundo o nomeque ele lhe d), que sacrificada só por uma palavra dita por um padre; nesseponto, pintou Lucrcio um quadro de beleza comovente e verdadeiramente grega,cujos traos mais importantes se deviam encontrar nas estrofes do Agamemnon, deEsquilo, e na pintura de Timanto; mas o poeta romano, seguindo a sua própriainspirao, fez dele uma criao nova.No podia escolher exemplo mais impressionante para mostrar a queatrocidades contra a natureza o temor dos deuses tem conduzido os homens.Nohavia ainda muito tempo que vtimas humanas tinham sido imoladas em honra dosdeuses.E Lucrcio imediatamente trata, como de uma segunda questo capital edecisiva para a felicidade da vida, do esclarecimento da natureza da alma e de seudestino após a morte."Porque, se os homens vissem diante de si fim certo de seusmales, teriam a fora de resistir s supersties e s ameaas dos padres; sentem-seimpotentes porque julgam que tm de sofrer depois da morte castigos eternos." Sóento Lucrcio coloca a pedra angular do seu edifcio filosófico, ao enunciar aproposio "Nada pode nascer de nada".H corpos infinitamente pequenos e h o vazio que lhes permite moverem-se; cada um deles necessrio ao outro e o completa
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